O que se passaria naquela cabecinha tosca? Estaria a treinar para algum campeonato nacional das cuspidelas para o chão?
É que por causa dos praticantes desta modalidade já algumas vezes tive de me desviar para não ser atingida por um dos projécteis. E o hábito de assoar para o chão? Ui...muito à frente no Ranking do nojento levado ao extremo.
É um hábito nojento que felizmente se vê cada vez menos porque cada vez mais pessoas têm noção de que é um acto de falta de higiene quando feito em público e é algo para fazer em privado, na casa de banho de cada um, no sítio próprio para.
Mas nem sempre escarrar no chão foi considerado um acto de manifesta má educação e desrespeito por quem está ao pé. Os antigos referiam-se a alguém que sabia comportar-se em sociedade dizendo que o SR. X ou Y sabia “cuspir na escarradeira”!
Era costume no século XIX mastigar tabaco nos convívios sociais e existiam pequenas peças de porcelana precisamente para o efeito da escarradela - as "escarradeiras".
Hoje em dia este objecto faz parte de museus e alguns antiquários.
Na China com a aproximação das Olimpíadas de 2008 o governo chinês começou a preocupar-se com a imagem que ía passar ao mundo. Como tal, começaram a espalhar cartazes pedindo aos cidadãos para não cuspirem ou atirarem beatas para o chão. Formaram equipas para se certificarem que as pessoas cumpriam esse pedido e se fossem apanhados, seriam obrigados pela polícia a limpar a escarreta do chão.
Cartazes afixados no centro de Pequim apelam para que as pessoas evitem cuspir no chão.

Voluntários prontos para combater o cuspe em Pequim.

A polícia comunista manda limpar o chão e recolher pontas de cigarro.

E em Portugal?
Encontrei a seguinte notícia na internet, é do jornal "JN":
"Em Matosinhos, quem for apanhado a cuspir para o chão na via pública fica sujeito a pagar uma multa entre 45 a 4500 euros.
Assim como quem urinar na rua ou bater tapetes ou toalhas da janela para a via. São as regras de higiene do Município.
Cuspir para o chão, passeios ou outros espaços públicos, urinar ou defecar na rua ou noutros locais não previstos para o efeito, sacudir ou bater cobertores, capachos, esteirões, tapetes, alcatifas, roupas e outros objectos das janelas, varandas e portas para a rua estão entre as dezenas de contra-ordenações identificadas no novo regulamento de resíduos sólidos do concelho. Todas sujeitas a multas entre os 45 e os 4500 euros (um décimo a dez vezes o salário mínimo nacional).
O regulamento, que define e estabelece as regras a que fica sujeita a gestão dos resíduos sólidos e a higiene pública do concelho de Matosinhos, já esteve em discussão pública, não tendo recebido qualquer sugestão, e será votado na segunda-feira pelo Executivo. Entra em vigor, após aprovação da Assembleia Municipal.
Os concelhos do Porto, Maia e Gaia também têm regulamentos de resíduos sólidos, embora nem todos tão exigentes como o de Matosinhos. No caso do Porto, também é considerado contra-ordenação cuspir para o chão e urinar na via pública. Em Gaia e na Maia, tais actos não constam das listas de prevaricações, embora em Gaia haja um regulamento específico dos parques e áreas naturais que determina uma coima para quem urine ou defeque fora do local apropriado.
Matosinhos vai mais longe com a proibição de bater tapetes e afins para a rua, "sempre que seja previsível que os resíduos deles provenientes caiam sobre os transeuntes ou sobre bens de terceiros, como automóveis, roupa a secar, pátios e varandas". Outra novidade é o impedimento de instalar aparelhos de ar condicionado nas fachadas de edifícios que vertam líquido para a via pública.
O regulamento municipal também impede "a utilização de fogareiros de carvão vegetal ou outro, para a confecção de alimentos na via pública, com prejuízo para o meio ambiente e saúde pública", o que face a outros municípios, é fora do comum. Ainda mais num concelho onde tradicionalmente se assam sardinhas à porta de casa ou do restaurante.
Através da leitura do artigo 47º do regulamento, o cidadão fica a saber tudo o que não pode fazer e a respectiva multa a que está sujeito se for apanhado a infringir as normas. A competência para a instrução dos processos de contra-ordenação e a aplicação de coimas pertence à Câmara.
Entre outras proibições, vale a pena ficar a saber que varrer detritos para a rua, lavar automóveis na via pública, riscar ou grafitar paredes de monumentos, prédios ou mobiliário urbano dá direito a uma coima de 45 a 4500 euros.
Algumas das coimas:
de 22,5 € a 90 € - deixar dejectos de canídeos ou outros animais na rua , excepto quando o dono é invisual, pode custar um quinto do SMN
de 225 € a 2250 € - pintar, reparar ou lavar carros na via pública e destruir ou queimar papeleiras dão coima de metade a cinco vezes o SMN.
de 900 € a 2250 € - utilizar fogareiros de carvão vegetal ou outro para confecção de alimentos na via pública, com prejuízo para o meio ambiente, dá coima de duas a cinco vezes o SMN.
de 22,5 € a 225 € - vazar águas de lavagens pode dar coima de um vigésimo até metade do SMN, tal como remexer nos resíduos dos contentores.
de 45 € a 4500 € - cuspir para o chão da via, passeios ou outros espaços públicos pode custar até 10 vezes o SMN, tal como urinar, varrer detritos ou sacudir tapetes para a rua"
Mas só em Matosinhos?!?!?! Bom por cá, em Lisboa, nunca vi nenhum polícia a multar ninguém por ter cuspido no chão, mas já vi vários polícias a cuspirem para o chão...e se em vez das multas fizessem como na China? Obrigar a limpar o que sujou? Isso é que teria muito sainete!
Claro que o que nos irrita não são só as cuspidelas, mas sobretudo a falta de educação e desrespeito que as pessoas têm umas pelas outras e basta andar na rua para termos vários exemplos ao longo do nosso dia: gente que passa à frente nas filas, cuspir no chão, cocó de cão por todo o lado, falta de civismo na condução...e por aí fora...cabe a cada um de nós fazer melhor, marcar a diferença e fazer sentir essa gente como espécimes raros e não nós pessoas civilizadas.
A polícia comunista manda secar o chão e recolher pontas de cigarro.

Os antigos referiam-se a alguém que sabia se comportar em sociedade dizendo que aquela pessoa sabia “cuspir na escarradeira”; afinal, era costume no século XIX mastigar tabaco nas reuniões sociais e nas casas mais requintadas era comum ter ao lado dos sofás e poltronas pequenas peças de porcelana com um estratégico furo para coletar os dejetos desse hábito questionável - a escarradeira, ainda possível de ser encontrada em museus e alguns antiquários. Os que tinham trato social sabiam da existência de tal objeto e o usavam para desfazer-se do tabaco mastigado; os que não conheciam os costumes em sociedade, acabavam cuspindo no chão - ou errando a mira na escarradeira.
Graças ao avançar dos tempos, essa diversão nada agradável aos olhos foi abolida dos salões e do cotidiano das pessoas, mas o hábito desagradável de usar o mundo como sua lixeira pública parece perseguir a humanidade.